Pastor robô

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Joseph Nobody | Londrina PR
Em Winterberg, na Alemanha, está sendo testado um pastor robô, chamado Bless-U2. Sua primeira aparição fez parte das comemorações pelos 500 anos da Reforma Protestante, que começou justamente naquela localidade, em 1517, quando Martinho Lutero afixou na porta da catedral da cidade suas famosas 95 teses, que criticavam práticas abusivas realizadas pela Igreja Católica.

O danado do robô possui uma tela no peito, é capaz de abençoar em cinco idiomas (inglês, alemão, francês, polonês e espanhol) e falar com voz de homem ou de mulher (os fieis é que escolhem). No momento da bênção, ele levanta os braços e suas mãos emitem – não sei exatamente por que – uma poderosa luz amarela.

Apesar de parecer algo ousado e revolucionário, a grande verdade é que a maioria das pessoas nem nota a diferença do pastor robô para um sacerdote tradicional, de carne e osso, daqueles que odeiam gays, são contra o aborto e pedem dinheiro o tempo todo, uma vez que eles costumam celebrar os cultos de maneira robótica, automática, repetitiva, programada, principalmente após alguns cansativos anos de liderança religiosa.

Eu achei Bless-U2 meio sem graça, desprovido de charme, por assim dizer. Parece uma máquina feita de maneira canhestra e com poucos recursos por cientistas entediados de um país de terceiro mundo, que ainda engatinham em matéria de tecnologia, enquanto as grandes potências apresentam projetos cada vez mais impressionantes e inovadores.

Infelizmente, a versão em português do pastor robô ainda não está disponível. Porém, tenho absoluta certeza de que ela, assim que estiver pronta, fará jus a nossa longa tradição de polêmicos e engajados líderes protestantes. Virá equipada com ternos baratos, gravatas de cores berrantes, discursos homofóbicos repletos de erros de concordância e, por que não, uma maquininha de cartão que aceita pagamentos de dízimos e ofertas no crédito e no débito, além de uma prateleira para venda de produtos abençoados, como CDs, DVDs, livros, água do Rio Jordão, terra do Monte Sinai e óleo ungido – o mesmo usado para azeitar as engrenagens do pastor de metal.

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