Neste inverno

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Zamot | Leça do Bálio PT
Neste inverno, que se prevê rigoroso, não se vê nenhuma atitude das entidades responsáveis para que os mil e um, sem-abrigo por esse mundo fora sejam auxiliados e que seja minimizado o seu sofrimento, isolamento e exclusão social a que estão votados.

Há alguns dias, na cidade classificada, hoje, como o melhor destino turístico e a mais bela do mundo, tive oportunidade de presenciar uma das mais lamentáveis cenas, relativamente a alguns daqueles olhados como os maiores marginais ao cimo da terra.

Ninguém se perguntou por que razão eles estariam ali. Ninguém se disponibilizou para lhes oferecer um simples agasalho para minimizar o frio rigoroso que se faz sentir ou apenas uma pequena proteção para a chuva que, nalguns dias, cai copiosamente.

Seguranças, treinados para a exterminação desse espécime, pontapeavam alguns (já velhos), jogados ao abandono por famílias egoístas e hipócritas, afastando-os da rua como se de cães sarnentos e raivosos se tratassem.

Neste inverno, não haverá aquecimento para todos. Só os privilegiados, que olham desdenhosamente para esses desgraçados, o terão.

Neste inverno, verifico que a injustiça humana é cada vez maior.

Neste inverno, a neve cobrirá as ruas, os farrapos velhos que os cobrem, e muito perecerão.

Neste inverno, não haverá Natal para eles. Apenas dor, mágoa, tristeza e, para muitos, lágrimas que se misturarão com a neve que, aos poucos, se derreterá e os encharcará até ao mais íntimo do seu ser.

Neste inverno, não vejo fraternidade nem solidariedade.

Acho que está na altura de as mentalidades mudarem e pensarem que, quando nascemos, somos todos iguais. Os direitos e as oportunidades devem ser dados da mesma forma e, embora alguns não a saibam aproveitar, poderão ser direcionados e ajudados nesse sentido.

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