Calçadas curitibanas

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M C Machado | Curitiba PR
Desenhos de pinhas, plástica harmoniosa, tema de prêmios fotográficos, são traiçoeiras para os sapatos desequilibrados nos altos saltos.

Calçamentos do Santa Cândida, do Bom Retiro, do Alto São Francisco, do Largo da Ordem ou até de Santa Felicidade, são cercados de paralelepípedos por todas as vias. Despachados, estão sempre a me pregar vexames, de pernas para o ar.

No centro, poças d´água insalubres disputam espaço com matinhos em tons verde de formatos diversos. Valentes, as plantinhas insistem em se embrenhar pelos vãos do calçamento solto. Quem nunca pisou numa pedra frouxa e sujou a meia de barro na Rua das Flores? Petit pavê – o nome é estrangeiro, o estrago é local.

Hidrante de Recalque, Incêndio, Copel, Sanepar, Embratel, Telepar, GVT, Ed. Barão do Rio Branco, Oi, Curityba, Vivo, olho para baixo e vou pisoteando as placas de bronze pregadas na passagem. Imagino um cemitério de serviços sepultados nos subterrâneos da cidade. H-i-d-r-a-n-t-e-d-e-r-e-c-a-l-q-u-e. Será que depois de bem hidratado, o recalque desaparece? Ou será que a pressão do recalque é tão grande que mesmo um fluxo d’água daqueles de apagar incêndio não resolve? Ai. Me distraí, quase lambi a prancha no chão.

E o que dizer dos tão falados passeios de granito do Batel? Delírios de nobreza dos sobrenomes da província que, na chuva, te mandam escorregando direto até a emergência do Santa Cruz.

Palcos do Festival de Teatro, nomes de santos nos bairros, as calçadas curitibanas arrancam palavras mundanas do meu peito a cada tropicão.

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