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Edgar F Ottoni | São Paulo SP
Hoje completo 19 anos, uma merda, eu sei.

(...)

Quando sair da casinha virou um problema, achei que fosse o que mais queria. O que vou fazer a partir de hoje é meu desconforto, meu problema, meu ultraje ao universo em questão, o qual, melhor outro alguém dizer.

Típico de mim mesmo, sem grandes ambições ou preocupações, não tenho uma grande batalha, minha grande guerra sou eu mesmo, essa luta, já perdi, não tenho severas demonstrações ou aparências.

Vivencias, atrás de vivencias, constrangedoras com aspecto penumbre e escuras, mas o que posso fazer, sou pouco especial, sem talento e com muita inocência.

Acendo um cigarro, vinte pedacinhos de tabaco, que me preenchem por três minutos e poucos, buscando algo bom, satisfatório em longo prazo, qual jamais cheguei, eu temo que jamais chegue.

O fogo, vermelho, laranja e amarelo, em camadas, como a alma, corpo e sangue, algo que deveria ter medo, queima e machuca, mas queima a ponta deste cigarro, me dando certa paz, superficial, sucinta, como um leve fio de um lençol, essa, não é resistente, não tem camadas.

Ótima seria se fosse plena, mas a fumaça cinza, quando trago, passando em minha garganta, aquecendo a, preparando meu pulmão para a escuridão, deixando o escuro e a mim sem futuro.

Futuro de que?

De grandes perspectivas e sonhos, talvez, mas de amor e ternura, creio que não.

Só quero andar...

Correr...

Não, andar calmamente.

Quem já amei nesta vida ilusória, me deixou sem saber de nada, a quem recorrer, quem obedecer, quem seguir.

“Feche teus olhos, faça então o que queres seu egoísta”.

Sou boêmio, desequilibrado, sem nenhum brilho, ninguém pode me ajudar, muito menos melhorar-me.

Quando o amor se tornou algo passageiro e cruel? Não digo amor conjugal, não somente deste, mas de todos meus amores.

Desde meus amigos, até meu cigarro que já está na metade.

(...)

Quando meus amigos se forem, já foram, quando o olhar e nossos semblantes, não correspondem mais a felicidade, cumplicidade e amor; Então viram olhares de pena, tristeza e desconhecido.

O amor é falso.

Amor só é puro e real por pouco tempo, desde que seja mutuo.

Como transar com uma prostituta, olhares, toques e prazer fixados e dedicados um ao outro, uma perfeição que arde, como o fogo, mas passageira, enraizada a um destino maior e mais profundo, de desgaste sem compaixão.

Até o momento do orgasmo, depois de volta ao comum, corpo e alma, sem mais excitação, de volta ao desconhecido.

Como amigos.

Seriam todos neste mundo, eternas “putas” então? Porém sem pressentimentos e com culpas.

Somente deixando como nossa guia a superfície, a beirada sem interesse em algo mais intenso, profundo... O abismo.

Eu não devo ter juízo.

Meu amor acabou ou nunca existiu, era só umas das coisas ingênuas que imaginava, como andar de bicicleta na areia ou chegar a minha casa e ter alguém que se importe comigo.

Tenho objetivos, sonhos, já tive, mas do que valiam, se tudo se apaga e a vida se torna uma eterna linhagem de nada.

Deixe pra lá, meu cigarro terminou, dei a última tragada e só senti o gosto do filtro, até ele me abandonou.

(...)

Mas tudo bem, ainda tenho 19 deles em meu bolso, para repensar e por três minutos e poucos nos longos dias da minha vida, sentirei amor.

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