O segredo da imortalidade

  C105  
Epilif | Vargem Alta ES
Em um pleno dia de outono onde as árvores despediam-se de suas folhas e os ventos varriam as ruas da calçada onde eu caminhava com minha velha jaqueta de cor azul, até que parei em frente ao velho pé de carvalho simplesmente majestoso, imóvel, contudo ao mesmo tempo impactante e aos pés dele estava uma velha senhora balançando no balanço já desgastado pelo tempo , rindo como se fosse uma criança, gargalhando de maneira até exagerada.

Fui me aproximando aos poucos até conseguir vê-la melhor, tinha curtos cabelos grisalhos e usava um cachecol vinho pelo pescoço e quando ela me viu disse:

— Que dia legal não acha senhor?

— Sim, está muito “legal”– eu confirmei achando estranho ela usar uma expressão tão jovial.

— Venha sente-se comigo – disse ela com um perplexo sorriso serelepe.

— Obrigado, mas estou atrasado para uma reunião.

— Esses velhos de hoje em dia, só querem saber de reuniões – afirmou ela como se fosse a pessoa mais jovem da Terra.

— Nós velhos? Quem é a senhora para dizer isso? – perguntei meio que estressado pela maneira como ela falou.

— Vocês sim, eu sou sim uma idosa de 90 anos, mas tenho um espírito mais novo que a sua idade e seu espírito senhor ultrapassa os 200 anos – afirmou ela com um largo sorriso no rosto.

— Claro que não senhora eu sou muito novo – disse rispidamente

— Se você é novo eu sou o que uma velha né?

— Bom a senhora é uma velha sim – afirmei olhando para o chão.

— Posso ser velha mais sei o segredo da imortalidade você sabe? Não! Então fica quieto – advertiu ela como se fosse um debate, e devo admitir ela era muito boa nisso.

— Então qual é o segredo da imortalidade? – perguntei desconfiado

— Sente-se comigo e eu contarei – afirmou ela com autoridade

Eu sentei ao lado dela, e começou a balançar o balanço e devo dizer foi um momento extraordinário foi bom balançar depois de anos sem ao menos tocar no balanço, sentir os pés fora de terra firme como se eu fosse livre, sentindo o vento meio gelado batendo em meu rosto e a senhora rindo tanto que até eu comecei a rir e alto.

— A imortalidade para muitos é viver para sempre, mas para mim jamais foi isso, é viver a quantidade de anos que eu conseguir, porém fazer cada momento grande ou pequeno ser eterno, ser único, aproveitar o máximo que podemos, acredito que não são os grandes momentos que erguem a nossa vida e sim os pequenos que os tornamos grandes, entendeu senhor?

— Acredito que sim, como senhora descobriu tudo isso? – Perguntei fascinado com as palavras proferidas.

— Apenas vivendo, apenas simplesmente vivendo...

Após tudo isso eu fui embora com aquilo na cabeça e decidido a aproveitar os pequenos momentos e fui oque fiz toda noite eu olhava o céu e aproveitava a paz, toda vez que eu corria aproveitava o vento, a adrenalina, sempre com o pensamento na cabeça “o segredo da imortalidade é viver” Meses mais tarde me veio a notícia que a velha senhora havia falecido e no dia de seu enterro escrevi em sua lápide:

Aqui jaz a única senhora a alcançar a imortalidade.

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