C039
Cabecinha de Vento | Nova Lima MG
Não era um dia como outro qualquer, entretanto estava bem serena àquela hora da manhã naquela casa.
— Quem é? — Berrou Gustavo.
— Entrega.
— O quê? Hoje é sábado. Não se enxerga, não?
— Deixa que eu atendo, seu mal humorado. Começou cedo, seu Gustavo.
— Pode deixar. Acabo com isso rapidinho.
— Vê lá, hein?!
Toma rapidamente o café, despacha logo o entregador e se dirige à mulher.
— Esse buquê é pra você... Vê se me esquece. Não é meu.
A mulher enternecida.
— Que coisa mais mimosa! Sou apaixonada por lírios. Engraçado... Estou fazendo cinquenta anos, não dez como está no cartão. Gustavo, que brincadeira é essa? Você sabe alguma coisa sobre isso?
— Já falei que esse tipo não tem nada a ver comigo. Vê se esquece.
— Só pra confirmar pão duro, unha de vaca, avarento, ingrato, mal agradecido. E não é seu mesmo. Nunca me dera nem um raminho de flor em trinta anos de casados.
— Isso é coisa de veado.
— Romantismo, poxa.
Campainha de novo.
O marido atende a porta e entra com outro buquê.
— Pra você.
A mulher lê o bilhete e suspira.
— Vinte anos! Kalanchoes... O que significa isso?
O marido a repreende:
— Veja lá o que você está aprontando, mulher. Traição eu não aceito; desperdício de dinheiro, muito menos.
— Eu gosto de flores. Você de café. E daí?
— Café é útil.
— Flores também.
— É muito desperdício pra uma pessoa só – entra e fecha a porta do quarto.
Campainha novamente
— Pra você, dona Lucíola. Palhaçada...
A mulher lê o bilhete. Uma lágrima desce pela sua face.
— Trinta?! Que coisa mais romântica! Adoro Copo de Leite...
— Quero saber qual é o engraçadinho que está mandando para você essas porcarias. Conte agora, ou coloco tudo no lixo.
— Calma, seu muquirana, sovina, mão de vaca e mesquinho. Vou descobrir.
— Também não precisa ofender.
Lucíola sai pê da vida, e volta rapidamente.
— Deve ser minhas irmãs, ou meus primos que resolveram aprontar comigo, Gustavo. Estes meus parentes são foda. Sempre vêm com essas brincadeiras idiotas. Não sei qual é a deles, mas vou descobrir. Será que querem acabar com o nosso casamento? Mas é tão romântico!
— Romântico uma ova! Você está tentando me enrolar. Vou embora para sempre. Nunca mais, você vai por esse olhão em cima de mim. Não quero ser apontado na rua como o corno.
Novamente toca a campainha.
— Pra você.
A mulher lê o bilhete. Várias lágrimas descem pelo seu rosto. Tem em suas mãos um vaso de Antúrio.
— Quatro buquês, seu mão de vaca. Você nunca seria tão gentil assim comigo. Quarenta anos... Desvendarei o mistério logo mais quando chegar a minha festa de aniversário. Não se preocupe. Estou a um buquê da verdade...
O dia passa quase arrastado. A mulher não aguenta mais esperar. Quem está fazendo isso comigo? Por que não aparece logo? O quê Gugu está pensando de mim? Estava prestes a cair uma tempestade sobre aquela família.
Às sete horas, na hora da festa, o marido entrega-lhe um vaso de Azaleias.
— Esta é a quinta flor – sussurra o marido – simboliza o meu amor por você, minha flor.
— Hein?!
Um abraço apertado sela aquela noite de amor e cumplicidade.
— Quem é? — Berrou Gustavo.
— Entrega.
— O quê? Hoje é sábado. Não se enxerga, não?
— Deixa que eu atendo, seu mal humorado. Começou cedo, seu Gustavo.
— Pode deixar. Acabo com isso rapidinho.
— Vê lá, hein?!
Toma rapidamente o café, despacha logo o entregador e se dirige à mulher.
— Esse buquê é pra você... Vê se me esquece. Não é meu.
A mulher enternecida.
— Que coisa mais mimosa! Sou apaixonada por lírios. Engraçado... Estou fazendo cinquenta anos, não dez como está no cartão. Gustavo, que brincadeira é essa? Você sabe alguma coisa sobre isso?
— Já falei que esse tipo não tem nada a ver comigo. Vê se esquece.
— Só pra confirmar pão duro, unha de vaca, avarento, ingrato, mal agradecido. E não é seu mesmo. Nunca me dera nem um raminho de flor em trinta anos de casados.
— Isso é coisa de veado.
— Romantismo, poxa.
Campainha de novo.
O marido atende a porta e entra com outro buquê.
— Pra você.
A mulher lê o bilhete e suspira.
— Vinte anos! Kalanchoes... O que significa isso?
O marido a repreende:
— Veja lá o que você está aprontando, mulher. Traição eu não aceito; desperdício de dinheiro, muito menos.
— Eu gosto de flores. Você de café. E daí?
— Café é útil.
— Flores também.
— É muito desperdício pra uma pessoa só – entra e fecha a porta do quarto.
Campainha novamente
— Pra você, dona Lucíola. Palhaçada...
A mulher lê o bilhete. Uma lágrima desce pela sua face.
— Trinta?! Que coisa mais romântica! Adoro Copo de Leite...
— Quero saber qual é o engraçadinho que está mandando para você essas porcarias. Conte agora, ou coloco tudo no lixo.
— Calma, seu muquirana, sovina, mão de vaca e mesquinho. Vou descobrir.
— Também não precisa ofender.
Lucíola sai pê da vida, e volta rapidamente.
— Deve ser minhas irmãs, ou meus primos que resolveram aprontar comigo, Gustavo. Estes meus parentes são foda. Sempre vêm com essas brincadeiras idiotas. Não sei qual é a deles, mas vou descobrir. Será que querem acabar com o nosso casamento? Mas é tão romântico!
— Romântico uma ova! Você está tentando me enrolar. Vou embora para sempre. Nunca mais, você vai por esse olhão em cima de mim. Não quero ser apontado na rua como o corno.
Novamente toca a campainha.
— Pra você.
A mulher lê o bilhete. Várias lágrimas descem pelo seu rosto. Tem em suas mãos um vaso de Antúrio.
— Quatro buquês, seu mão de vaca. Você nunca seria tão gentil assim comigo. Quarenta anos... Desvendarei o mistério logo mais quando chegar a minha festa de aniversário. Não se preocupe. Estou a um buquê da verdade...
O dia passa quase arrastado. A mulher não aguenta mais esperar. Quem está fazendo isso comigo? Por que não aparece logo? O quê Gugu está pensando de mim? Estava prestes a cair uma tempestade sobre aquela família.
Às sete horas, na hora da festa, o marido entrega-lhe um vaso de Azaleias.
— Esta é a quinta flor – sussurra o marido – simboliza o meu amor por você, minha flor.
— Hein?!
Um abraço apertado sela aquela noite de amor e cumplicidade.