Em resposta ao seu preconceito

Júlio César dos Santos | Divinópolis MG
Opção? Você acha que eu tive?

Se eu realmente tivesse, nunca escolheria ser assim! Em um mundo tão preconceituoso como esse! Eu não sou doido.

Como pôde dizer isso? Ha! É claro, você nunca entenderia.

Para você as coisas são mais fáceis. Você é "normal".

Você não sabe como é a minha vida, a vida de todos nós. Você acha que temos um problema, mas quem tem problema mesmo é a sociedade. Nós nascemos assim, não tem como mudar, é o que somos.

Se Deus fez o homem para a mulher e a mulher para o homem, por que ele não me fez assim também? Sou filho dele assim como você, e todos nós somos vistos como iguais para ele, então por quê? Sou um erro? Ou as escrituras é que estão erradas?

Isso é genético, eu não optei, me foi imposto antes de nascer, e serei assim até o fim.

Você não sabe como doi, como doi ter que mentir para nossos amigos, familiares, para nós mesmos. Como é triste ver outras pessoas sendo espancadas por isso, e muitas das vezes acontece comigo. Ter que tomar cuidado ao andar na rua, pois pode surgir um louco com uma lâmpada, pronto para acertar nossas cabeças! Rezar todos os dias para não ser agredido, tanto verbalmente quanto fisicamente. E por quê? Por que sermos diferentes significa que temos que sofrer tanto assim? Por que tanto ódio? O que fizemos?

Você nunca entenderia. Para nós só há três caminhos, todos dolorosos. A fé, viver uma vida escondendo para sempre o que realmente é, vivendo sob um evangelho que te oprime e fazer dele sua realidade, conviver com pessoas preconceituosas, hipócritas, que julgam o próximo para se sentirem superiores. Se assumir e ser atormentado, torturado e oprimido a vida toda por ter nascido assim, perder os amigos e a família em alguns casos, ter menos oportunidades e derrotar leões todos os dias para conseguir viver. Ou um caminho sem opressão e tristeza, um caminho curto que vai dar fim ao sofrimento, só é preciso uma navalha ou uma corda.

Você não entenderia, você não sabe como dói abraçar sua mãe, com o peso gigantesco de apenas três simples e pequenas palavras na ponta da língua, pronto para falar, porém não pode. Não pode porque aquele ser maravilhoso que lhe deu carinho, comida, proteção e amor, sentiria ódio, tristeza, sentiria que falhou como mãe. Isso doi mais que uma faca enfiada no coração, e em cada abraço, beijo ou afeto, uma facada. O medo de seu pai lhe bater tanto até aparecer o osso, ou pior, lhe mandar embora, sumir da vida deles, como se nem tivesse existido, como se fosse lixo sendo descartado, jogado na rua!

Então não me venha falar de opção sexual, porque eu daria tudo para ter a sua vida.

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