Escrever

Úmero Card'Osso | São José dos Campos SP
Somente a partir do momento em que decidi que eu seria absolutamente livre para escrever qualquer coisa; que eu assumiria em minha obra a mais completa liberdade; que eu escreveria o que me viesse à cabeça sem titubear em ditames de estilística; somente a partir desse momento; minhas mais de mil páginas apareceram perante mim como um exército diante de seu general, e somente a partir dessa decisão, se me vislumbrou a grande realização na vida de um escritor, que não é sua obra, mas sim sua liberdade.

No entanto, existe uma força opressora no campo de atuação da literatura que, ao longo dos séculos e ainda hoje e por todo o sempre, destituiu e destituirá todo autor da prerrogativa de ser livre, de escrever o que quiser, de realmente dizer algo ao invés de permanecer repetindo discursos pré-fabricados e pre-legitimados.

Em verdade, a liberdade é sem legitimação nenhuma, pois só tem ela legitimidade em sua essência.

O poeta livre só é livre quando a força opressora do desdizer não o alcança. E se a sociedade e os jornais não o alcançam, não o legitimam. Se o poeta não foi legitimado, legítima é sua liberdade, sua escrita, bênção e profanação, amor e ódio, comédia e desespero, tudo o que escreve é mais encantador, porque não está publicado em lugar nenhum, não é dado aos pernósticos e não se limita a um único tema e perspectiva!

Agora sim, posso ser livre e escrever o que eu quiser, sem me importar com nada.

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